No último dia 17 de abril de 2012, a Comissão de Justiça e Paz, da Arquidiocese de Vitória ES, divulgou nota pública acerca de atos de violência contra moradores de rua no centro da cidade de Vitória, ocorridos em 13 de abril de 2012. No texto a CJP repudia com veemencia a forma da ação policial de remoção dos moradores de rua. Segundo a nota: "Foram observadas violações de direitos de diversas ordens, como
práticas de tortura, por meio de jatos de água e até espancamentos;
eliminação de pertences pessoais, como documentos e roupas; e a prática
da “deportação”, enviando-os, por meio de coação, para outras cidades
através da Rodoviária de Vitória-ES."
Pode ser coincidência, mas no dia 13 de abril, a Gazetaonline publicou às 22:06, uma reportagem com o título: "Espera por obra completa 5 anos. E comunidade protesta com bolo: Grupo de moradores e comerciantes vão fazer manifestação hoje, em Vitória". Segundo a reportagem "Os manifestantes reclamam que a obra de revitalização da praça, iniciada
em 2007, foi concluída pela prefeitura, mas nem todas as melhorias
previstas foram realizadas. Segundo eles, parte da calçada não conta com
meio-fio, a fiação subterrânea não foi realizada, e há problemas nos
canteiros". Além disso, ressalta-se a presença de moradores de ruas e usuários de drogas na praça. Link da reportagem: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/04/noticias/a_gazeta/dia_a_dia/1190812-espera-por-obra-completa-5-anos-e-comunidade-protesta-com-bolo.html
Concordamos com o desabafo de uma colega professora moradora do Centro de Vitória ao saber do ocorrido na madrugada do dia 13: "Acabo de saber dessas atrocidades que cometeram na Praça Costa Pereira contra as pessoas em situação de rua, com certeza atendendo pedidos dos apodrecidos burgueses intolerantes do centro. Até imagino comerciantes e politiqueiros de plantão aplaudindo. Vejam que ABSURDO essa covarde e fascista política de faxina social, também em Vitória! Parece até que estamos numa das cidades que sediarão a Copa do Mundo2014!”
A violência contra moradores de rua tem crescido no país, sob formas mais absurdas ainda que a ação humilhante relatada em Vitória, como aponta a Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz
da CNBB em nota divulgada em 4 de abril de 2012, através de levantamento
realizado pelo Centro de Defesa e Proteção dos Direitos Humanos para a
População de Rua e Catadores de Material Reciclável (CDDH), em parceria
da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, CNBB e Ministério Público
do Estado de Minas Gerais. Em todo o Brasil, nos últimos 12 meses, foram 165 mortes e 35 tentativas
de homicídio, além de 66 lesões corporais contra moradores de rua.
Apenas na cidade de Maceió (AL) foram 8 assassinatos. (http://www.cnbb.org.br/site/comissoes-episcopais/caridade-justica-e-paz/8993-comissao-da-cnbb-divulga-nota-sobre-situacao-do-povo-de-rua)
“Preocupa-nos a não implementação de políticas públicas em benefício
desta população, deixando-a ainda mais vulnerável”, afirma Dom Guilherme
Werlang, presidente da Comissão e que assina a nota. Ele também chama a
atenção para a missão maior de toda a sociedade, que é “a proteção e o
cuidado com o nossos irmãos mais fragilizados para que tenham vida em
plenitude no tempo que Deus permitir”.
NOTA PÚBLICA
A Comissão Justiça e
Paz da Arquidiocese de Vitória (CJP), inspirada nos valores evangélicos
da defesa da vida em abundância, vem a público repudiar a ação da
Polícia Militar do estado do Espírito Santo, que na madrugada do dia 13
de abril, na Praça Costa Pereira (Vitória-ES), empreendeu uma brutal
repressão contra um grupo de moradores de rua. Foram observadas
violações de direitos de diversas ordens, como práticas de tortura, por
meio de jatos de água e até espancamentos; eliminação de pertences
pessoais, como documentos e roupas; e a prática da “deportação”,
enviando-os, por meio de coação, para outras cidades através da
Rodoviária de Vitória-ES.
Condenamos com
veemência a política de higienização social atualmente empregada pela
Polícia Militar do Estado do Espírito Santo, não só por ser ilegal, mas
por violentar cotidianamente a população, especialmente os negros e os
mais pobres. Bem como, reivindicamos políticas públicas emancipatórias
específicas para os moradores de rua às autoridades competentes, como
regulamentado no Decreto nº 7.053/2009.
Por
fim, a CJP roga a Deus e exige das autoridades responsáveis – Governador
Renato Casagrande, Secretário de Segurança Pública Henrique Herkenhoff e
Comandante da Polícia Militar Cel. Ronalt Willian de Oliveira – que:
cesse a repressão contra os moradores de rua no estado do Espírito
Santo!
Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Vitória
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