A industrialização, articuladas as estruturas históricas e sociais do brasil, alavanca uma série de processos como o inchaço demográfico das cidades, a segregação socioespacial (que se manifesta pela verticalização e periferizzação das cidade), congestionamentos, violência urbana e tantos outros. Além disso, temos os impactos sobre o meio ambiente e a saúde dos citadinos. Em recente pesquisa, o IBGE pôs em evidência como ar da Grande Vitória está com elevados índices de poluição por dióxido de enxofre. No texto abaixo, Flávia Bernardes faz uma ótima reflexão sobre o assunto.
22/06/2012
Xô enxofre
Flavia Bernardes
Enquanto os olhos do mundo estavam voltados para a Rio+20, os capixabas se assustaram com os dados sobre a poluição na cidade de Vitória divulgados pelo IBGE. Como se não bastasse a afirmação do especialista Paulo Saldivas, da Universidade de São Paulo (USP), de que o capixaba fuma um cigarro e meio por dia, por tabela, devido aos poluentes respirados no ar da Grande Vitória, agora a cidade também tem o título de cidade com o maior nível de dióxido de enxofre (SO2) do País.
A novidade não assusta os ambientalistas, cansados de denunciar o fato. Porém, a notícia não deixa de ser um alerta para aqueles que ainda teimavam que o problema não era tão grave.
Pouca gente sabe, mas não é a primeira vez que Vitória supera São Paulo quando o assunto é o volume de dióxido de enxofre no ar. Além do enxofre, respiramos mais 59 tipos de gases, quase todos cancerígenos. Infelizmente ainda não há estudos disponíveis para alertar os danos que essas substâncias também causam à saúde.
O Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) joga a culpa nos veículos que circulam na cidade, mas para os ambientalistas, a Vale e a ArcelorMittal são as grandes vilãs das emissões.
Os estudos não afirmam isso, porém, deixam claro uma contradição. Ao afirmar que grande parte dos poluentes detectados na Grande Vitória provém dos veículos automotores, o inventário, apresentado pelo Iema, em 2011, deixa no ar uma questão: se Vitória superou São Paulo em emissões poluentes no ano de 2008-2009, segundo IBGE, como podemos justificar o fato de Vitória ter infinitamente menos carros que a cidade de São Paulo e ainda sim níveis tão altos de emissão?
Contradições à parte, o que se tem certeza é que o número de doenças respiratórias no Estado aumentou. E mesmo diante do desinteresse do Estado em se aprofundar no assunto, médicos ainda tímidos, não pela incerteza da informação, mas pela pressão da própria Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), relatam o aumento dos casos de doenças pulmonares e o agravamento das mesmas na Grande Vitória.
Já as poluidoras alegam que estão fazendo a parte que lhes cabe. Instalam novas tecnologias quando querem expandir suas atividades e investem pesado em publicidade. Plantam uma árvore aqui e outra ali e cham isso de compensação ambiental. Porém, continuam crescendo e poluindo na mesma proporção que as autoridades públicas se mantêm omissas.
O resultado para isso, segundo o ambientalista e mais novo personagem nesta luta, o vereador Serjão (PSB), é um novo parâmetro para as emissões atmosféricas na cidade de Vitória. O vereador disse que está articulando o processo de alteração dos padrões atuais de emissões. Fiquemos atentos para o debate.
Uma vez que as emissões atuais estão dentro dos limites atuais estipulados pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), as empresas legitimam a sua “boa conduta”. Porém, alertam os especialistas, tais parâmetros estão longe de ser tornarem compatíveis com os estipulados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Novos parâmetros, portanto, são imprescindíveis, e vale lembrar: são cobrados pela sociedade civil organizada no Estado desde 1977.
A novidade não assusta os ambientalistas, cansados de denunciar o fato. Porém, a notícia não deixa de ser um alerta para aqueles que ainda teimavam que o problema não era tão grave.
Pouca gente sabe, mas não é a primeira vez que Vitória supera São Paulo quando o assunto é o volume de dióxido de enxofre no ar. Além do enxofre, respiramos mais 59 tipos de gases, quase todos cancerígenos. Infelizmente ainda não há estudos disponíveis para alertar os danos que essas substâncias também causam à saúde.
O Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) joga a culpa nos veículos que circulam na cidade, mas para os ambientalistas, a Vale e a ArcelorMittal são as grandes vilãs das emissões.
Os estudos não afirmam isso, porém, deixam claro uma contradição. Ao afirmar que grande parte dos poluentes detectados na Grande Vitória provém dos veículos automotores, o inventário, apresentado pelo Iema, em 2011, deixa no ar uma questão: se Vitória superou São Paulo em emissões poluentes no ano de 2008-2009, segundo IBGE, como podemos justificar o fato de Vitória ter infinitamente menos carros que a cidade de São Paulo e ainda sim níveis tão altos de emissão?
Contradições à parte, o que se tem certeza é que o número de doenças respiratórias no Estado aumentou. E mesmo diante do desinteresse do Estado em se aprofundar no assunto, médicos ainda tímidos, não pela incerteza da informação, mas pela pressão da própria Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), relatam o aumento dos casos de doenças pulmonares e o agravamento das mesmas na Grande Vitória.
Já as poluidoras alegam que estão fazendo a parte que lhes cabe. Instalam novas tecnologias quando querem expandir suas atividades e investem pesado em publicidade. Plantam uma árvore aqui e outra ali e cham isso de compensação ambiental. Porém, continuam crescendo e poluindo na mesma proporção que as autoridades públicas se mantêm omissas.
O resultado para isso, segundo o ambientalista e mais novo personagem nesta luta, o vereador Serjão (PSB), é um novo parâmetro para as emissões atmosféricas na cidade de Vitória. O vereador disse que está articulando o processo de alteração dos padrões atuais de emissões. Fiquemos atentos para o debate.
Uma vez que as emissões atuais estão dentro dos limites atuais estipulados pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), as empresas legitimam a sua “boa conduta”. Porém, alertam os especialistas, tais parâmetros estão longe de ser tornarem compatíveis com os estipulados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Novos parâmetros, portanto, são imprescindíveis, e vale lembrar: são cobrados pela sociedade civil organizada no Estado desde 1977.
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