sexta-feira, 23 de março de 2012

Moradores de rua ocupam antigo terminal aquaviário Dom Bosco (Vitória - ES)

Reportagem publicada nesta sexta-feira, dia 23/03/2012. Aborda superficialmente sobre a ocupação do antigo terminal aquaviário Dom Bosco por um grupo de aproximadamente 20 pessoas. No título da matéria são chamados como moradores de rua, porém ao longo do texto ressalta-se de maneira generalizada tratarem-se de usuários de drogas. Não se discute sobre a ocupação do espaço do Aquaviário como uma opção a falta de teto para morar.
Ao longo do texto trava-se a discussão sobre a ação do Estado perante os moradores de rua usuário de drogas e sobre a forma de intervir, debate que boa parte da mídia volta e meia não trata como problema social mas como um problema de índole do indivíduo, e que além disso ameaçaria o restante dos moradores "de bem", dentro da paranóia da cidade insegura a todo tempo (Fobópole). Obviamente não se trata de um assunto nada simples de se resolver, mas é necessário evitar qualquer tipo de ação sanitarista-higienizadora-moralista.
Por fim, a discussão sobre a reativação do Aquaviária é apenas mencionada como um projeto ainda não realizado.Abaixo a reportagem:


20 moradores de rua ocupam instalações do antigo terminal aquaviário Dom Bosco Samanta Nogueira (Rádio CBN Vitória 93,5 FM)

O terminal aquaviário Dom Bosco localizado na Ilha de Santa Maria, em Vitória, se tornou a residência de cerca de 20 moradores de rua. A situação é alvo de reclamações de quem passa diariamente pelo local. Por trás desse fato, há histórias de pessoas que pedem ajuda para se livrar das drogas e do álcool para poderem conviver novamente com suas famílias.
Um dos moradores de rua que frequentemente está no local é Marcelo Emílio Mota, de 39 anos. Ele tem casa, no Morro do Romão, e profissão, soldador maçariqueiro. Mas sofre com a dependência química. Marcelo começou a beber aos 12 anos de idade e hoje usa drogas como o crack. O vício foi o responsável por ele perder o emprego na empresa onde trabalhava há seis anos e também por afastá-lo dos filhos, de 14 e 17 anos.
"Meus filhos estão crescendo. Eles estão com vergonha de mim porque nenhum filho quer ter o pai cachaceiro e jogado pelos cantos. Eles passam direto por mim e não falam comigo. O caçula, que gosta de mim, ainda fala: 'poxa pai, o senhor falou que não ia beber mais'. Mas se eu não bebo, eu fico tremendo muito. Eu não sei o que está acontecendo e o que eu posso fazer. Eu estou totalmente perdido", contou o soldador. Marcelo pede ajuda para poder largar o vício, voltar a trabalhar e reconquistar o amor dos seus filhos.
Outra moradora de rua, que vive no terminal aquaviário, Raquel Mercilho Fernandes, 23 anos, perdeu a mãe quando ainda era criança. Depois, ela morou com a tia até os 15 anos de idade quando foi viver em um abrigo em Vitória. Ao atingir a maioridade, o pai dela, que mora do Norte do Estado, reconheceu a paternidade. Raquel foi viver com o pai, mas a convivência não deu certo e ela voltou para morar com os tios em Cariacica.
Raquel contou que decidiu morar na rua porque já apanhou de um tio que a repreende por ela querer sair de casa. Para conquistar a sua "liberdade", ela precisou deixar o filho de dois anos para a sua irmã cuidar. Mas a moradora de rua não quer mais viver no aquaviário, onde passa frio e fome com frequência. "Meu desejo é ter trabalho e voltar para casa para ficar perto do meu filho de novo." Raquel, no entanto, não sabe como buscar isso. Ela disse que pretende trabalhar como empregada doméstica quando alguém lhe der uma oportunidade.
Problema
A Secretaria de Assistência Social de Vitória informou que a área do antigo aquaviário Dom Bosco é monitorada diariamente pelo Serviço de Abordagem Social. As pessoas que permanecem no local já foram atendidas no Centro de Referência para População em Situação de Rua de Vitória. No entanto, elas saíram do projeto por não aderirem a nenhum tipo de tratamento. A secretaria esclareceu que esse grupo continua sendo abordado, mas tem dificuldade em aceitar atendimento na rede de saúde e de assistência social do município.
A Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop) informou que o terminal aquaviário Dom Bosco será demolido em breve. O projeto para demolição está em andamento, mas ainda não há uma data determinada para a execução.
Para continuar lendo: gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/03/noticias/cbn_vitoria/reportagem/1162582-20-moradores-de-rua-ocupam-instalacoes-do-antigo-terminal-aquaviario-dom-bosco.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente e contribua com o diálogo...