O bairro "Nova Esperança ", em Aracruz, parece até uma ironia esse nome, foi palco de uma politica que esta se tornando frequente por parte do Estado, a do ataque e destruição de residências em areas ocupadas de dominio publico. 1.600 moradores ali viviam, construiram suas casas com lajotas e cimento, portas e janelas e tudo perderam. O municipio invoca o fato que eles construirão no lugar 200 casas do programa "minha casa minha vida" [quem disse que a casa representa a vida?], mas, mesmo assim, não garante que as familias que ali estavam poderão ter acesso às mesmas, pois depende, entre outras coisas, se elas moram no municipio ha mais de 5.
Como em nossos tempos com um governo que se diz preocupado com as questões sociais pode-se cometer tamanha violência em todos os sentidos da palavra contra seres humanos que se encontram com a familia na rua, sem nada? como podem o Estado, e a prefeitura de Aracruz demolirem um lugar de moradia, jogarem 1.600 pessoas nas ruas sem nenhuma proposta imediata de realoja-las? Dizem que simplesmente irão juntar a mobilia encontrada nas casas e coloca-las numeradas em um deposito para que as familias peguem o que sobrou dessa afronta à dignidade...
Baseados na " ilegalidade " da ocupação não vêem a legitimidade da auto-construção, a falta de meios e alternativa levam as pessoas a construirem onde podem. O municipio por meio de seu prefeito apoiado por um juiz e uma policia de classe, manifesta uma falta de respeito ao direito à moradia e à função social da propriedade que estão grafados na Constituição brasileira e estadual e no Estatuto da Cidade. Ele deveria e poderia é legalizar e estruturar o bairro, como permite a legislação, estar proximo das pessoas para honrar a função que ocupa que é publica e revocavel.
De fato em varios lugares, como ja se noticiou aqui no blog Direito à cidade, se esta tendo esse tipo de enfrentamento (em Serra, em Vitoria, em Cariacica e outros municipios). Estaremos, então assistindo a uma nova ofensiva contra as classes dominadas? estaremos em presença de uma apropriação de estoques de terra para a especulação imobiliaria? Estamos assistindo a um novo ciclo no ES de expansão econômica industrial-portuaria que organiza o espaço para uma expropriação maxima e dos recursos e das forças sociais?
Estamos, penso, assistindo a movimentos de população que tem haver com os projetos de expansão industrial devastadores e que não pensam nunca no acolhimento da força de trabalho menos qualificada que de uma maneira ou de outra lhes ira servir nos trabalhos mais ingratos e mais mal remunerados. Como sempre se reproduz a dominação social e a extração da mais-valia por meio do achatamento salarial o que se reflete na re-produção dos trabalhadores como eles podem, morando do jeito que conseguem com o salario que ganharão. Numa economia "flexivel" e de concorrência, as empresas se lavam as mãos esperando afluir os trabalhadores pobres. Mas nem isso se quer deixar, nem morar em condições dificeis se permite, pois a logica local-regional dos conflitos de interesses é contraditoria.
Estamos vivendo um periodo semelhante aos anos de chumbo da ditadura, mas sob uma casca de uma democracia déspota, oligarquica, um Estado de farça social permanente...
Mas, que os poderes constituidos não se enganem escuta-se ao longe os rumores das revoltas nos canteiros de grandes obras de infraestrutura do Norte e Nordeste, as lutas sociais escapam dos aparelhos sindicais e os tempos das revoluções parecem, mais uma vez, ecoar ao longe, diante de tanta estupidez, violência, imbecilização, ganância e expropriação do patrimônio coletivo a nivel mundial , nacional e local(vejam os povos arabes, as greves e mobilizações na Europa e nos Estados Unidos, na Africa e na Asia)
Atenção Casagrande que a Senzala esta se revoltando e nenhum Anchieta conseguira salvar a você e seu governo e nem o governo de Aracruz, municipio das corrupções e dos escândalos de desvio de dinheiro que deveriam ir para o bem estar dos cidadãos.
Claudio Zanotelli
.Professor do Departamento de Geografia-UFES
Entenda o caso:
http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2011/05/noticias/tv_gazeta/jornalismo/estv/estv_1_edicao_norte/854874-policiais-militares-dao-inicio-a-desocupacao-de-area-irregular-em-barra-do-riacho.html
http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2011/05/a_gazeta/minuto_a_minuto/856880-desocupacao-em-barra-do-riacho-um-drama-que-poderia-ser-evitado.html
Parabéns Zanotelli pelo texto.
ResponderExcluirComo você colocou muito bem, essa violência policial se revela uma violência contra a classe trabalhadora. E revela as articulações do poder público com outras instituições visando a continuidade da exclusão do direito à cidade e da reprodução capitalista potencializada pela especulação imobiliária.
Thalismar Gonçalves
Excelente, necessárias e oportunas palavras, prof. Claudio!!! Não podemos nos calar diante de tamanha estupidez e sua voz ecoa com tantas mais que se indignam. Abraços solidários!! (Marilda Maracci)
ResponderExcluirPenso que tudo o que foi dito é justo e deve ser conclamado. Entretanto duas dúvidas me aquietam: 1- Dizem (sujeito indeterminado) que foi o próprio Prefeito que em época de eleição incentivou a "invasão", como disse, dizem;
ResponderExcluir2- Aonde estavam e estão pessoas do Moviento ao combate à opressão? Sindicatos, ONGs, MOVIMENTO DOS SE-TERRA e principalmente SUAS LIDERANÇAS? Uma coisa é a ocupação "ilegal" de espaços, a outra coisa é banir e afugentar seres humanos como bichos. Os Assistentes Sociais de Artacruz de Vitória do Brasil não têm nada para dizerem e os Direitos humanos? Acabam quando as ações são moividas por aqueles que geram receitas para o Município, ainda que estas sejam frutos da dor, das lágrimas, da perda e da vida de outrem?
Só mais uma coisa que eu esqueci de comentar, peçam que publiquem a relação dos beneficiados pelo Projeto minha casa minha vida e façam a proporção de empregados da Aracruz e as famílias que ali "ocupavam". Aí, talvez não restem mais dúvidas...
ResponderExcluirPois é, o comentarioa "aninômimo" acima fala do incentivo do proprio prefeito na ação de ocupação o que nos revela mais ainda o cinismo, oportunismo e o amoralismo dos politicos d emodo geral. Quanto à verificar os beneficiados pelo minha casa minha vida e compara-los com quem trabalha na Aracruz acho muito interessante, mas como podemos fazê-lo, pois acessar esses dados deve ser coisa dificil, não??
ResponderExcluirAbraços
Claudio Zanotelli