POR UM CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL QUE RESPEITE OS DIREITOS HUMANOS
Fórum Nacional da Reforma
Urbana lança campanha para inclusão de propostas na alteração do Projeto
de Lei 8.046/2010 que dispõe sobre o novo Código de Processo Civil
Frente às milhares de famílias
ameaçadas de despejo por medidas liminares em todo Brasil, as Entidades
do Fórum Nacional de Reforma Urbana, estão organizando um abaixo
assinado em defesa da mudança do procedimento legal das reintegrações
de posse e das ações possessórias no caso de litígios coletivos pela
posse dos imóveis urbanos e rurais.
Está sendo discutido no Congresso
Nacional o Projeto de Lei nº 8046/2010 que irá alterar o Código de
Processo Civil (CPC). O Código de Processo Civil é o instrumento que,
entre outras coisas, regula o procedimento que o Juiz e os demais
poderes públicos devem adotar nos casos de conflitos fundiários, tendo
uma incidência direta nas ações de reintegrações de posse individuais e
coletivas. A regra geral são as ordens liminares de reintegração de
posse imediata, com o uso de força policial, nas áreas ocupadas para
fins moradias e reforma agrária por famílias de baixa renda.
Nesse contexto, a alteração do Código
de Processo Civil é uma necessidade urgente para garantia dos Direitos
Humanos e da Função Social da Propriedade. Essa estratégia une campo e
cidade, na busca por justiça, por acesso à terra e moradia. Lembramos
que já existe uma proposta de emenda de nº 323/2011 com o relator da
Reforma do CPC que precisa ser ampliada para conter todos os pontos
necessários para se evitar a execução de despejos expressos por via das
liminares que ocasionam violações aos direitos humanos.
As emendas que defendemos à nova lei
propõem mecanismos de prevenção e mediação dos conflitos fundiários
rurais e urbanos como as audiências com famílias afetadas, a
participação do Ministério Público, da Defensoria Pública, entre outros
atores, obrigando judiciário a verificar o cumprimento da função
social da propriedade. As populações ameaçadas demandam dos entes
públicos a implementação de políticas públicas para avançar na reforma
urbana e agrária, com a efetiva aplicação da função social da
propriedade.
PROPOSTAS
1°) Ampliar participação do MP:
O Art. 156 do PL 8.046/2010 passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art.156......................................................
III – nas ações que envolvam litígios
coletivos de posse e propriedade sobre imóveis rurais ou urbanos, e
demais causas que há interesse social evidenciado pela natureza da lide
ou qualidade da parte, com vistas à adoção das medidas legais de
proteção das pessoas físicas ou jurídicas pertencentes a grupos
vulneráveis ou de baixa renda”.
2°) Audiência prévia antes das medidas de urgência
O
Art. 2º - O Art. 270 do PL 8.046/2010 fica acrescido dos § 2°,
renumerando-se o atual parágrafo único, com as seguintes redações:
“Art. 270 .....................................................
§ 2º A medida de urgência será precedida de audiência de justificação
prévia nos casos que envolvam interesses ou direitos difusos, coletivos
ou individuais homogêneos, a ser realizada em 72 (setenta e duas) horas,
para a qual devem as partes ser notificadas.
3º) Função Social da Propriedade
Art. 3° - O Art. 547 do PL 8.046/2010 fica acrescido do inciso V, com a seguinte redação:
“Art. 547
V – o cumprimento da função social da propriedade”.
4°) Liminares, audiência e órgãos
Inclua-se o seguinte artigo 548-A ao PL nº 8.046/2010:
Art. 548-A. Nos casos de litígio coletivo pela posse e propriedade de
imóvel urbano ou rural, antes do deferimento da manutenção ou
reintegração liminar, o juiz deverá designar audiência de justificação
prévia e conciliação entre as partes, seus representantes legais, com a
participação do Ministério Público e dos órgãos responsáveis pela
política urbana e agrária, que deverão para este fim ser notificados.
§ 1º o juiz também deverá, antes da decisão liminar, requisitar aos
órgãos da administração direta ou indireta dos Municípios, Estados e
União que forneçam as informações fiscais, previdenciárias, ambientais,
fundiárias e trabalhistas referentes ao imóvel;
§ 2º Será intimada a
Defensoria Pública para a audiência de conciliação prévia, caso os
envolvidos não tenham condições de constituir advogado.
§ 3º A liminar poderá ser concedida somente após a averiguação do cumprimento da função social da propriedade.
§ 4º Caso as partes não alcancem conciliação nos termos do caput,
o juiz deverá fazer-se presente na área do conflito coletivo pela posse
da terra rural e urbana, acompanhado de representante do Ministério
Público.
§5º Quando o litígio individual envolver população de baixa renda aplicar-se-á o § 2º.
Esse texto foi extraído do sítio do Fórum Nacional de Reforma Urbana. No sítio também é possível encontrar o abaixo assinado para as pessoas e entidades que quiserem participar mais ativamente da campanha.
"Pelo fim das liminares sem ouvir a
outra parte, em defesa de nossos direitos!"
Postado por Thalismar