Reportagem divulgada neste sábado no gazetaonline sobre realização de Seminário sobre mobilidade urbana promovido pela Comissão de Justiça e Paz (CJP) da Arquidiocese de Vitória, que contou com a participação do Secretário de Transporte e Obras Públicas e do Secretária de Comunicação.
Nas discussões foi apontada a necessidade de maior participação da população nas discussões sobre a mobilidade urbana na região metropolitana e maior transparência nos encaminhamentos de projetos urbanos do Governo Estadual. Ao fim da reportagem, o secretário diz não concorda e diz que o Governo está aberto ao diálogo.
Acreditamos ser de grande importância a realização do seminário "fora" do Estado, e concordamos com a cobrança por maior participação da população e transparência como expõe o CJP. O que o secretário chama de diálogo é um arremedo de participação, onde "representantes" de alguns setores (setores estes definidos pelo Estado) atuam principalmente dando aval a decisões a priori definidas pelo Estado ou setores econômicos, e deixando o tema principal que deveria ser a realização do percurso dos trabalhadores de casa ao trabalho, em sua maioria de ônibus, em menos tempo, além de alternativas de transporte menos danosas ao ambiente, como o fim do debate, quando estes deveriam ser o início, para depois sim discutir obras urbanas e projetos econômicos.
Grupo de católicos cobra transparência do Governo na construção da política de mobilidade urbana
Vinícius Valfré | CBN Vitória (93,5 FM)
vpereira@redegazeta.com.br
Um grupo de católicos se reuniu na manhã deste sábado (07)
para cobrar transparência na maneira como o Estado constrói sua política
de mobilidade urbana. Eles avaliam que os diálogos para tratar da
questão são raros e que o governo implementa medidas sobre o tema sem
que a sociedade seja amplamente consultada.
Para receber as
explicações, eles realizaram um seminário no Centro de Treinamento Dom
João Batista, na Ponta Formosa, em Vitória, que contou com a
participação do secretário de Transportes e Obras Públicas, Fábio
Damasceno, e do secretário de Comuicação, Ronaldo Carneiro.
O
presidente da Comissão de Justiça e Paz (CJP) da Arquidiocese de
Vitória, professor Luiz Antônio Dagiós, explicou que a Igreja esteve ao
lado dos movimentos sociais que protestaram contra o aumento das
passagens de ônibus e, por isso, agora pretende "saber o que o governo
está propondo".
"Nós reivindicamos uma maior transparência em toda
essa questão do transporte público. Tanto das concessões, mas sobretudo
na política dos projetos que o governo tem para mobilizar a mobilidade
urbana. Há outras questões implícitas: além do preço da passagem,
queremos ter condições de nos locomover com relativa rapidez para
realizarmos nossas atividades", afirmou.
Para Dagiós, ainda não há clareza sobre como os corredores exclusivos
para ônibus, uma das principais alternativas apontadas pelo governo
para o problema da mobilidade urbana, podem resolver significativamente o
problema.
O universitário Vinícius Tomaz Fernandes, 19 anos, mora em Vila Velha e
perde em média uma hora e meia por dia, dentro dos coletivos, para ir e
vir da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Ele se diz
totalmente insatisfeito com o serviço de transporte público oferecido na
Grande Vitória.
"Sei o que é pegar onibus lotado, quente e ser forçado sempre a ter
uma única alternativa de transporte. Transcol é praticamente sinônimo de
transporte púiblico aqui em Vitória, não temos sistema aquaviário ou
ferroviário".
Vinícius também avalia que a população deveria ser mais atuante no
momento de decidir qual sistema de transporte deve receber mais
investimentos.
"Quem participa das decisões é sempre o governo
sozinho. As portas de diálogo são poucas, quando ocorrem. Os projetos
são trazidos prontos para a gente comentar, mas os comentários não são
ouvidos. Acho que falta que o governo construa junto com a população os
projetos. Temos que decidir, de fato, em qual sistema de transporte
queremos investir", disse.
Discorda
O secretário de Transportes, Fábio
Damasceno, rechaça as opiniões de que o governo estadual decide
unilateralmente sua política para transportes públicos. "Sempre tivemos
um canal aberto ao diálogo, principalmente com a CJP. O governador
(Renato Casagrande) sempre recomenda o diálogo com a sociedade para que
os projetos sejam refinados", disse.
Damasceno acrescentou que
prefeitos e sociedade civil foram ouvidos para que os investimentos na
área fossem definidos. Segundo ele, além dos corredores exclusivos para
ônibus (BRTs), implementação do sistema aquaviário e melhorias para o
transporte a pé ou de bicleta estão sendo realizadas.