Aquaviário: para Villaschi, usuário deve lutar
por transporte de qualidade com integração
O professor de Economia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Arlindo Villaschi entende que o sistema aquaviário de transportes de passageiros é uma solução plausível, mas que não se pode cometer o mesmo equívoco do passado, em se conectar somente à visão empresarial. A ideia é promover a integração com o sistema rodoviário e lutar pela implantação de um transporte público de qualidade. “A tecnocracia atrapalhou. Dou a mão à palmatória, pois não conseguimos envolver o empresariado do setor de ônibus”, lamentou.
Villaschi é um dos idealizadores da implantação do sistema aquaviário na Grande Vitória. Ele reconhece que, nos anos de 1972 e 1973, durante o governo Élcio Álvares, a consequência dos investimentos em petróleo em nível federal colaborou para a implantação de diversos meios de transporte, inclusive o aquaviário. Houve conflitos diversos de interesses, tanto na esfera pública quanto na privada. Nos últimos meses, o assunto voltou a ser debatido no meio político.
De acordo com uma alteração que ocorreu na Lei 3.693/1984, em janeiro de 2010, a Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb-GV) está autorizada a contratar o serviço de transporte hidroviário, mediante concessão. A alteração viabiliza juridicamente a reestruturação do sistema aquaviário, dentro da lei que rege o Sistema de Transportes Urbanos da Aglomeração Urbana da Grande Vitória.
No momento político atual, segundo Villaschi, a tônica deve ser a de se proporcionar mais opções ao usuário. Para ele, nos últimos oito anos, o ponto de discussão que deveria ser o de “transporte público de passageiros” como um todo saiu da agenda. “Cada vez mais, a sociedade se prepara para facilitar o uso de automóveis. O transporte público de passageiros ainda é precário”, apontou.
Na avaliação de Villaschi, o transporte aquaviário é um exemplo que ocorre em outros estados e que poderia tranquilamente acontecer no Espírito Santo, pois polui menos e o custo é quase zero. O problema é que mexe com o “status quo” e as autoridades não estão colocando como prioridade. “O automóvel está sufocando a cidade, assim como o cigarro nos pulmões dos indivíduos”, comparou.
Villaschi aconselhou que, se o Estado quiser ser contemporâneo, deve pensar os meios de transporte como parte inteligente de um sistema público. O turismo é um foco que poderia ser também explorado pelo sistema aquaviário, dadas as belas condições geográficas onde está inserida a Grande Vitória. Bicicletários seriam também opções alternativas para desafogar o trânsito.
Para o professor de Economia, a tarifa integrada é uma conquista que o usuário tem que valorizar. O BRT (Bus Rapid Transit) ou corredor exclusivo para ônibus, assim como o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) ou metrô de superfície, podem ser absolutamente complementares.
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