terça-feira, 12 de abril de 2011

Luta pelo direito à moradia em Vitória

Condomínio inacabado é invadido por famílias em Vitória

Cerca de 200 pessoas invadiram os 48 apartamentos do Residencial Santo André, obra inacabada em Vitória. A prefeitura pedirá a reintegração de posse à Justiça

12/04/2011 - 15h19 - Atualizado em 12/04/2011 - 15h19
LETÍCIA GONÇALVES - GAZETA ONLINEImagem Exemplo Imagem Exemplo
foto: Gabriel Lordêllo - NA
Invasão do residencial Santo André, em Vitória
Obra do residencial Santo André, em Vitória, foi invadida por cerca de 200 pessoas


Cerca de 200 pessoas invadiram os 48 apartamentos do Residencial Santo André, obra inacabada em Vitória. Desde a última sexta-feira (08), as famílias estão nos dois prédios do residencial. Os invasores alegam que a obra foi abandonada pela empresa contratada pela prefeitura da cidade e que o local é inseguro e possui focos de dengue.

Na manhã desta terça-feira (12), a movimentação era intensa. Outras famílias chegavam em busca de apartamentos, embora todos estivessem lotados. Até um barracão que era utilizado pelos funcionários da obra foi ocupado.

As pessoas chegaram com móveis e roupas, que estão sobre o chão de cimento entre as paredes sem reboco. Nos prédios, não há água encanada ou luz elétrica. Mas a doméstica Angelita Maria da Silva, 53 anos, diz que já morou em locais piores e não se importa de permanecer no prédio. "A gente já morou em lugar muito pior do que esse aqui. Eu morava em um barraco caindo aos pedaços, cheio de ratos, chovia lá dentro. Eu peguei doença de rato e minha filha também. Foram cinco anos de pesadelo".

Matéria completa: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2011/04/a_gazeta/minuto_a_minuto/824060-condominio-inacabado-e-invadido-por-familias-em-vitoria.html

COMENTÁRIO
Um outro olhar: os conflitos se acirram, o direito à moradia na segunda capital em qualidade de vida

No bairro Santo André, em Vitória, um empreendimento habitacional destinado à moradia popular, após mais de cinco anos do início das obras, encontra-se parcialmente concluído, em péssimas condições de infraestrutura e higiene. Nos bairros onde as grandes incorporadoras atuam, os empreendimentos imobiliários, voltados para a classe média, não demoram mais de dois anos para ficarem prontos para morar. 

Indignados com essa situação e, principalmente, necessitando de moradia, cerca de 50 famílias ocuparam os 48 apartamentos. A imprensa corporativa do Espírito Santo (A Gazeta, Notícia Agora e A Tribuna) utiliza termos como “invasão” e “invasores” para descrever o fato. Com isso, busca enfatizar o suposto atentado ao “direito sagrado” da propriedade privada da terra. E, ao mesmo tempo, ao não falar, esconde de forma intencional, um dos problemas sociais mais graves das cidades brasileiras: o déficit habitacional. Antes de “invasores”, esses brasileiros estão lutando por um direito fundamental expresso, inclusive, na constituição brasileira, que é o direito à moradia, e o direito à cidade de forma mais ampla.

Nessas ocasiões cabe o poder público intervir, e conforme a própria notícia, a Prefeitura de Vitória buscará na justiça a reintegração de posse. A alegação é que os “verdadeiros” contemplados pelo programa habitacional seriam prejudicados. Em Vitória, onde o metro quadrado é certamente o mais caro do Espírito santo, empreendimentos imobiliários populares tendem a ser cada vez mais raros, acirrando os conflitos urbanos entorno da moradia.

O episódio de Sandro André evidência a luta pela moradia em Vitória. A resistência dos ocupantes, que enfatizam o seu direito à cidade, é contraposta, de um lado, pelo poder público e, de outro, pela interpretação da imprensa corporativa que contribui diretamente para a formação da opinião pública capixaba.

Portanto, espera-se um final para feliz, particularmente, para aquelas famílias que ocuparam os edifícios, e para os que acreditam na cidade como direito, de um modo geral.
Por aqui, acompanharemos os desdobramentos desse episódio...

 Postado por Thalismar Gonçalves

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