segunda-feira, 18 de abril de 2011
Texto referência para a mesa redonda: "OS DESAFIOS DA MOBILIDADE URBANA E O DIREITO À CIDADE NA GRANDE VITÓRIA-ES”
A mobilidade urbana é, certamente, um dos maiores desafios da cidade contemporânea, especialmente em países como o Brasil. Diariamente, os jornais põem em evidência as diferentes expressões desse problema social. Ora a ênfase se encontra nos elevados índices de violência no trânsito, ora nos intermináveis congestionamentos, que se agravam em dias de chuva. Em outros momentos, notam-se manifestações ligadas à mobilidade nas cidades, como as greves dos rodoviários, as bicicletadas, paralisações dos fluxos das vias pela população e movimentos sociais, que reivindicam melhorias do transporte público e lutam por outro modelo de mobilidade/acessibilidade urbana.
A problemática da mobilidade nas grandes cidades, portanto, é complexa. Apesar de haver um consenso entre os setores da sociedade brasileira a respeito da gravidade desse problema urbano, as interpretações e perspectivas de ação se diferem e, em muitos casos, são divergentes. De um modo geral, a grande mídia, os empresários e até segmentos do poder público costumam atribuir aos problemas da mobilidade urbana à ausência de um planejamento urbano consistente e ao transporte público ineficiente. Por outro lado, os movimentos sociais urbanos e alguns pesquisadores, alinhados a uma postura crítica, afirmam que, na verdade, a questão central está no modelo hegemônico de cidade, que privilegia o transporte motorizado individual em detrimento de outras formas de locomoção como o transporte público e a bicicleta. A partir desses pontos de vista, o que parece estar em jogo, não é apenas a solução para um problema urbano, mas o próprio sentido de cidade e suas formas de apropriação.
E a questão da mobilidade urbana na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV)? O poder público reconhece, de fato, a mobilidade na Grande Vitória como problema urbano no final da década de 1970. Ao longo da década de 1980 foram realizados diversos estudos pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) com intuito de subsidiar as ações do poder público na área de transporte urbano. No final dos anos 1980, o Sistema de Transporte Coletivo Metropolitano (Sistema Transcol) foi implantado. O transporte coletivo, na proposta do Transcol, é visto numa perspectiva técnica e racional. Com isso, ao mesmo tempo em que o Governo do Estado organiza e regulamenta o transporte coletivo, ele cria as condições para o fortalecimento do setor privado que atua no transporte coletivo. Além da regulamentação e estruturação do transporte coletivo, outra frente de atuação do poder público está nas grandes obras urbanas: construção da 3a Ponte, ampliação da Avenida Fernando Ferrari, construção de uma eventual 4a ponte ou túnel, ligando Vitória a Vila Velha, entre outras.
Apesar de tais iniciativas e vultosos investimentos públicos, o problema da mobilidade urbana permanece ou até mesmo recrudesce na Grande Vitória. Nesse sentido, se, por um lado, o Estado continua com o discurso técnico-racional, por outro, nesses últimos anos, têm ocorrido manifestações contrárias a esse modelo de gestão do transporte coletivo por parte de segmentos da sociedade civil capixaba, com destaque para o Movimento Passe Livre (MPL-ES).
Portanto, entende-se que a questão da mobilidade/acessibilidade urbana está imersa, sobretudo, na dimensão política da produção da cidade contemporânea. Contudo, sem desconsiderar as dimensões técnica e econômica desse problema social.
Nesse sentido, o principal objetivo da mesa redonda é debater os limites do atual modelo de transporte público na Grande Vitória, como também os desafios e estratégias ligadas à construção de um modelo alternativo de mobilidade urbana.
A problemática da mobilidade nas grandes cidades, portanto, é complexa. Apesar de haver um consenso entre os setores da sociedade brasileira a respeito da gravidade desse problema urbano, as interpretações e perspectivas de ação se diferem e, em muitos casos, são divergentes. De um modo geral, a grande mídia, os empresários e até segmentos do poder público costumam atribuir aos problemas da mobilidade urbana à ausência de um planejamento urbano consistente e ao transporte público ineficiente. Por outro lado, os movimentos sociais urbanos e alguns pesquisadores, alinhados a uma postura crítica, afirmam que, na verdade, a questão central está no modelo hegemônico de cidade, que privilegia o transporte motorizado individual em detrimento de outras formas de locomoção como o transporte público e a bicicleta. A partir desses pontos de vista, o que parece estar em jogo, não é apenas a solução para um problema urbano, mas o próprio sentido de cidade e suas formas de apropriação.
E a questão da mobilidade urbana na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV)? O poder público reconhece, de fato, a mobilidade na Grande Vitória como problema urbano no final da década de 1970. Ao longo da década de 1980 foram realizados diversos estudos pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) com intuito de subsidiar as ações do poder público na área de transporte urbano. No final dos anos 1980, o Sistema de Transporte Coletivo Metropolitano (Sistema Transcol) foi implantado. O transporte coletivo, na proposta do Transcol, é visto numa perspectiva técnica e racional. Com isso, ao mesmo tempo em que o Governo do Estado organiza e regulamenta o transporte coletivo, ele cria as condições para o fortalecimento do setor privado que atua no transporte coletivo. Além da regulamentação e estruturação do transporte coletivo, outra frente de atuação do poder público está nas grandes obras urbanas: construção da 3a Ponte, ampliação da Avenida Fernando Ferrari, construção de uma eventual 4a ponte ou túnel, ligando Vitória a Vila Velha, entre outras.
Apesar de tais iniciativas e vultosos investimentos públicos, o problema da mobilidade urbana permanece ou até mesmo recrudesce na Grande Vitória. Nesse sentido, se, por um lado, o Estado continua com o discurso técnico-racional, por outro, nesses últimos anos, têm ocorrido manifestações contrárias a esse modelo de gestão do transporte coletivo por parte de segmentos da sociedade civil capixaba, com destaque para o Movimento Passe Livre (MPL-ES).
Portanto, entende-se que a questão da mobilidade/acessibilidade urbana está imersa, sobretudo, na dimensão política da produção da cidade contemporânea. Contudo, sem desconsiderar as dimensões técnica e econômica desse problema social.
Nesse sentido, o principal objetivo da mesa redonda é debater os limites do atual modelo de transporte público na Grande Vitória, como também os desafios e estratégias ligadas à construção de um modelo alternativo de mobilidade urbana.
AGB-Vitória
GT de Assuntos Urbanos
Postado por Thalismar Gonçalves
Postado por Thalismar Gonçalves
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Copa 2014 na Grande Vitória? Mais seis milhões em obra de estádio
14/04/2011 - 10h30 - Atualizado em 14/04/2011 - 10h30
Pelo sonho da Copa do Mundo de 2014, Kleber Andrade terá grama natural; Obra está quase R$ 6 milhões mais cara
Aditivo no contrato aconteceu por conta da alteração dos projetos das arquibancadas e edifício educacional
Thierry Gozzer - A GAZETA
A cor será a mesma: verde. Mas a mudança no tipo de grama previsto para o Estádio Kleber Andrade é radical e sinaliza como o Estado está de olho nas possibilidades que a "década do esporte no Brasil" pode gerar para o Espírito Santo.
Em função do projeto enviado para o Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014, que visa ter uma seleção treinando em solo capixaba, o gramado do Kleber Andrade será mesmo natural, e não mais sintético como chegou a ser proposto no ano passado. Além disso, a obra, que nesse primeiro trimestre recebeu os primeiros pilares de sustenção da cobertura, ficou quase R$ 6 milhões mais cara.
"O aditivo foi para ser gasto nas arquibancadas. Estava previsto manter as originais, mas não houve como aproveitá-las. Teremos de refazer tudo. E também para o subsolo do edifício educacional, que não estava orçado no projeto arquitetônico original", explicou Pedro Firme, diretor geral do Instituto de Obras Públicas (Iopes).
A troca do tipo de gramado visa à iniciativa para 2014. O medo de que o projeto capixaba perdesse potencial na Fifa com a apresentação de um estádio com grama artificial levou a Secretaria de Esportes do Estado a refazer sua escolha.
5,7 milhões de reais
É quanto foi aumentado pelo Instituto de Obras Públicas do Estado o investimento no Estádio Kleber Andrade, que tinha custo avaliado em R$ 86 milhões e agora sairá por R$ 92 milhões (aproximadamente).A matéria completa pode ser vista em: obras 6 milhões mais cara do Kleber Andrade - Cariacica ES
Vamos ficar de olho: 6 milhões a mais que poderão se tranformar em 12, 24, 48...logo logo... assim como outros ativismos sociais do país acerca dos impactos da COPA da FIFA / CBF no Brasil, ficaremos de olho nos custos desta obra, e seu posterior uso após a conclusão. Não a elitização do futebol e a segregação sócio-espacial!!! (Postado por Flávio)
terça-feira, 12 de abril de 2011
Luta pelo direito à moradia em Vitória
Condomínio inacabado é invadido por famílias em Vitória
Cerca de 200 pessoas invadiram os 48 apartamentos do Residencial Santo André, obra inacabada em Vitória. A prefeitura pedirá a reintegração de posse à Justiça
12/04/2011 - 15h19 - Atualizado em 12/04/2011 - 15h19LETÍCIA GONÇALVES - GAZETA ONLINE
foto: Gabriel Lordêllo - NA
Obra do residencial Santo André, em Vitória, foi invadida por cerca de 200 pessoas
Cerca de 200 pessoas invadiram os 48 apartamentos do Residencial Santo André, obra inacabada em Vitória. Desde a última sexta-feira (08), as famílias estão nos dois prédios do residencial. Os invasores alegam que a obra foi abandonada pela empresa contratada pela prefeitura da cidade e que o local é inseguro e possui focos de dengue.
Na manhã desta terça-feira (12), a movimentação era intensa. Outras famílias chegavam em busca de apartamentos, embora todos estivessem lotados. Até um barracão que era utilizado pelos funcionários da obra foi ocupado.
As pessoas chegaram com móveis e roupas, que estão sobre o chão de cimento entre as paredes sem reboco. Nos prédios, não há água encanada ou luz elétrica. Mas a doméstica Angelita Maria da Silva, 53 anos, diz que já morou em locais piores e não se importa de permanecer no prédio. "A gente já morou em lugar muito pior do que esse aqui. Eu morava em um barraco caindo aos pedaços, cheio de ratos, chovia lá dentro. Eu peguei doença de rato e minha filha também. Foram cinco anos de pesadelo".
Matéria completa: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2011/04/a_gazeta/minuto_a_minuto/824060-condominio-inacabado-e-invadido-por-familias-em-vitoria.html
COMENTÁRIO
Um outro olhar: os conflitos se acirram, o direito à moradia na segunda capital em qualidade de vida
No bairro Santo André, em Vitória, um empreendimento habitacional destinado à moradia popular, após mais de cinco anos do início das obras, encontra-se parcialmente concluído, em péssimas condições de infraestrutura e higiene. Nos bairros onde as grandes incorporadoras atuam, os empreendimentos imobiliários, voltados para a classe média, não demoram mais de dois anos para ficarem prontos para morar.
Indignados com essa situação e, principalmente, necessitando de moradia, cerca de 50 famílias ocuparam os 48 apartamentos. A imprensa corporativa do Espírito Santo (A Gazeta, Notícia Agora e A Tribuna) utiliza termos como “invasão” e “invasores” para descrever o fato. Com isso, busca enfatizar o suposto atentado ao “direito sagrado” da propriedade privada da terra. E, ao mesmo tempo, ao não falar, esconde de forma intencional, um dos problemas sociais mais graves das cidades brasileiras: o déficit habitacional. Antes de “invasores”, esses brasileiros estão lutando por um direito fundamental expresso, inclusive, na constituição brasileira, que é o direito à moradia, e o direito à cidade de forma mais ampla.
Nessas ocasiões cabe o poder público intervir, e conforme a própria notícia, a Prefeitura de Vitória buscará na justiça a reintegração de posse. A alegação é que os “verdadeiros” contemplados pelo programa habitacional seriam prejudicados. Em Vitória, onde o metro quadrado é certamente o mais caro do Espírito santo, empreendimentos imobiliários populares tendem a ser cada vez mais raros, acirrando os conflitos urbanos entorno da moradia.
O episódio de Sandro André evidência a luta pela moradia em Vitória. A resistência dos ocupantes, que enfatizam o seu direito à cidade, é contraposta, de um lado, pelo poder público e, de outro, pela interpretação da imprensa corporativa que contribui diretamente para a formação da opinião pública capixaba.
Portanto, espera-se um final para feliz, particularmente, para aquelas famílias que ocuparam os edifícios, e para os que acreditam na cidade como direito, de um modo geral.
Por aqui, acompanharemos os desdobramentos desse episódio...
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Para pensar o bairro: La Boca - Buenos Aires - Argentina (história versus revitalização)
http://vimeo.com/7950059
Repassando interessantíssimo video sobre o bairro La Boca, em Buenos Aires. Achado ao acaso, trazendo a relação do bairro com o famoso clube Boca Juniors, sobre o turismo no bairro tão procurado mas que esconde os problemas dos moradores, e a incerteza sobre o futuro do bairro.
Apesar de retratar um outro país serve para pensarmos sobre o bairro, identidade, cotidiano e os projeto de "revitalização" urbana.
Abaixo a descrição do vídeo pelos autores (trabalho de conclusão de curso da faculdade Mackenzie - SP)
Documentário sobre os antagonismos socioculturais de um dos bairros mais particulares de Buenos Aires, capital Argentina. Os moradores de La Boca vivem duas realidades distintas: a riqueza cultural mostrada para os turistas e a dura situação da parte mais pobre da região. Compreender o que se passa em La Boca é entender os processos que compõem as novas formas de organização da humanidade.
Trabalho Acadêmico para Conclusão do Curso de Jornalismo da Universidade Mackenzie (dez/2008). Grupo: Ana Caroline Eden, Antonio Romero, Flávia Machado, Michele Maciel, Mariana Parizotto, Wagner Bordin.*
Repassando interessantíssimo video sobre o bairro La Boca, em Buenos Aires. Achado ao acaso, trazendo a relação do bairro com o famoso clube Boca Juniors, sobre o turismo no bairro tão procurado mas que esconde os problemas dos moradores, e a incerteza sobre o futuro do bairro.
Apesar de retratar um outro país serve para pensarmos sobre o bairro, identidade, cotidiano e os projeto de "revitalização" urbana.
Abaixo a descrição do vídeo pelos autores (trabalho de conclusão de curso da faculdade Mackenzie - SP)
Documentário sobre os antagonismos socioculturais de um dos bairros mais particulares de Buenos Aires, capital Argentina. Os moradores de La Boca vivem duas realidades distintas: a riqueza cultural mostrada para os turistas e a dura situação da parte mais pobre da região. Compreender o que se passa em La Boca é entender os processos que compõem as novas formas de organização da humanidade.
Trabalho Acadêmico para Conclusão do Curso de Jornalismo da Universidade Mackenzie (dez/2008). Grupo: Ana Caroline Eden, Antonio Romero, Flávia Machado, Michele Maciel, Mariana Parizotto, Wagner Bordin.*
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