“(...) Na realidade os discursos repressivos (...) com a aprovação de instrumentos de penalização é uma espécie de cortina de fumaça e faz aumentar a naturalização dos controles sociais cruzados e diversos.”(ZANOTELLI et all, 2011)
Nos últimos dias a prefeitura da Serra anunciou a expansão de sua rede de monitoramento para mais 19 bairros do município. Atualmente, o número de câmeras ultrapassa uma centena. O que se observa é a rápida expansão das câmeras no município. Esse processo de controle do cidadão tem se mostrado uma estratégia privilegiada da PMS no combate a criminalidade. Notícias recentes apontam a redução quantitativa de infrações nos bairros monitorados, evidenciando, para a opinião pública, que a aposta nas câmeras foi um “tiro” certeiro, perdoe-me o trocadilho.
A criminalidade é um tema complexo. Certamente o monitoramente em determinadas áreas da cidade, provocaram, de imediato, uma redução das infrações. Esse controle do espaço pelas câmeras provocará constrangimentos de determinadas práticas, como as ilícitas. No entanto, não podemos reduzir uma política de segurança pública a uma espécie de BBB.
Por um lado, práticas como o monitoramento nos bairros considerados mais violentos expressam uma ação de controle direto do Estado sobre a população da periferia. Por outro, a instalação de câmeras na cidade estimula o mercado da segurança, que tende a se expandir cada vez mais, na medida em que o medo e a insegurança se espalham, em grande parte estimulada pelas matérias sensacionalistas da mídia.
As diferentes expressões da violência urbana são frutos de um processo de urbanização excludente, típicos de países como o Brasil. As taxas de violências crescem na medida em que a desigualdade e exclusão se acirram. A política das câmeras expressa a ideia de que a violência está no outro, é culpa do outro. Na verdade a violência urbana é expressão de nossa sociedade, porém, as maiores vítimas tem idade, cor, classe social e local de moradia: jovem, negro ou pardo, pobre e morador da periferia (ZANOTELLI et all, 2011).
Algumas matérias:
Sugestão de leitura: ZANOTELLI et all. Atlas da criminalidade no Espírito Santo. São Paulo: Annablume, 2011.
Postado por Thalismar Gonçalves
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